sexta-feira, 20 de junho de 2008

Será o povo português mesmo pobre?


Em termos comparativos, a nível mundial, Portugal faz parte dos países mais ricos e mais desenvolvidos do mundo. Portanto, até nem nos devemos queixar muito. Se o mar mediterrâneo fosse entre o Minho e a Galiza, aí sim, já teríamos mais por onde nos preocupar. Assim sendo, somos arrastados pela locomotiva europeia da riqueza.

Eu ainda acho, e por vezes quero mesmo acreditar que sim, embora haja quem julgue isto um nadinha anedótico, que o português é mesmo pobre por opção. Basicamente já está enraizado na nossa cultura ser pouco pecunioso. E há provas de sobeja desta minha teoria ao longo de toda a história de Portugal, desde o tempo em que Mumadona Dias mandou erigir o castelo de Guimarães no inicio do século IX, até ao dia em que se decidiu fazer um TGV, pois já não havia mais o que fazer com o dinheiro. É inato dos portugueses ser assim, não são pobres por falta de trabalho, pois são dos que mais trabalham (a produtividade é que é baixa), e dinheiro também parece ir havendo...

O exemplo mais flagrante que comprova esta minha teoria remonta à época em que Portugal tinha um imenso império, uma superpotência mundial(aí éramos mesmo ricos), mas parece que os nossos antepassados não apreciaram muito a ideia de sermos poderosos e endinheirados. Então esbanjaram todas as riquezas imperiais, e acabaram por se desfazer de tudo quanto era colónia ultramarina. Conclusão, éramos paupérrimos antes dos descobrimentos, seguidamente fomos poderosíssimos e sem muita demora voltamos à estaca zero.

A inquisição também teve um papel fulcral ao expulsar de Portugal os judeus, que eram das poucas pessoas com muito dinheiro em Portugal. Ou seja, ricos? Longe com eles!

Quando tivemos oportunidades para enriquecer, simplesmente, desperdiçamo-las. Ou então há um bando de chico-espertos que se apodera de tudo e o resto do povo fica com água no beiço. Desde que entramos para a CEE que desaguam em Portugal rios de dinheiro. Mas que Portugal só evoluiu em auto-estradas e estádios, isso não se pode negar. É que o chico-espertismo também faz parte do património cultural português.
Até o Alentejo, que era o celeiro de Portugal, foi destruído por anos a fio de uma exploração ruinosa, antes que os agricultores tivessem oportunidade de ficar ricos.

Temos de encarar a nossa pobreza financeira como uma riqueza cultural, assim como fazem parte dos nossos hábitos e tradições o Futebol, Fátima e o Fado (a tão propalada politica dos três f’s durante o estado novo), também a pobreza o faz.

Agora até já se procura petróleo ao largo de Portugal, enquanto nos tornamos num dos países mais avançados do mundo, quer em produção energias alternativas, quer em produção de tecnologias para desenvolver essas mesmas energias. Contudo não me admiraria nada que o petróleo tivesse “dado de frosques”, assim como não me admiraria nada que a terra parasse de girar ou que o sol implodisse só para que mais uma vez penemos nas ruas da penúria.

Ou seja, Portugal não é nada pobre mas sim rico em pobreza. Até me chega a dar ideia que os turistas só cá vêm para demonstrar a sua superioridade perante a nossa desgraça. Mas também não devemos aproveitar-nos do turismo em demasia, ou ainda acabamos por ficar todos ricos.

2 comentários:

joca disse...

Ou seja estamos condenados ao fatalismo que nos condena?
Ainda que possa haver quem tenha opinião contrária, Portugal aceitou a Inquisição para agradar aos Reis Católicos por razões de interesse político "O seu reinado ficará também lembrado pela perseguição feita a judeus e muçulmanos em Portugal, particularmente nos anos de 1496 a 1498. Esta política foi tomada por forma a agradar aos reis católicos, cumprindo uma das cláusulas do seu contrato de casamento com a herdeira de Espanha, Isabel de Aragão" ( ver a wikipedia D Manuel I)
É que o seu filho era o herdeiro das coras (ver wikipedia Miguel da Paz).
Os fatalistas verão aqui um exemplo do nosso fado, os outros apenas um revês numa estratégia que nada tinha de pobre.
Como vê, na história também existem muitos momentos de superação. A escolha dos episódios é muito importante para a ideia que temos do nosso passado colectivo. Assim como a escolha dos exemplos de hoje pode servir para nos incentivar a superar ou aceitar as dificuldades.

Rui_P07 disse...

Não vou muito em fatalismos, se quer que lhe diga. E muito menos afirmo que estamos condenados a viver eternamente de formas mais modesta. O que eu queria realçar, e essa era a minha intenção, é que neste país não se sabe aproveitar as opurtunidades existentes para evoluirmos. O que é uma pena pois há potencial. Por isso é que digo que é parte da cultura portuguesa ser pobre financeiramente.

Fico também agradecido pela informação quanto à inquisição. Não fazia ideia que estava implicada com casamento do nosso rei.

Cumprimentos.