domingo, 30 de setembro de 2007

A pílula - Conto de fadas

Glossário

A
Alelo - Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene, ocupando um dado locus (posição) num cromossoma.





Dihibridismo - Estuda-se a transmissão de duas características e as relações entre si.
Dismenorreia - menstruação dolorosa

E
Ervilheira - Leguminosa da qual se extraem diversos tipos de grão (ervilhas) que constituem um excelente alimento. Devido à sua velocidade de formação de descendência, grande número de descendentes formados e forma das pétalas, que permite a autopolinização, a ervilheira foi um grande contributo para Mendel.
EFE
Fenótipo - Manifestação específica de uma certa caracteristica. O fenótipo é determinado até certo ponto pelo genótipo, ou seja pela identidade dos alelos que um indivíduo possui num ou em mais loci dos cromossomas. Grande parte dos fenótipos são determinados por genes múltiplos e influenciados por factores ambientais. Assim, nem sempre a identidade de um ou de alguns alelos conhecidos permite prever o fenótipo.
Fenótipo Recombinante - Fenótipo formado quando há a junção de factores de tal forma que a combinação dá origem a indivíduos com um fenótipo novo, resultante da combinação dos fenótipos dos dois progenitores.
Fundo Genético - Fundo genético é o conjunto de indivíduos de uma determinada espécie que num dado momento ocupam uma determinada área geográfica que trocam livremente entre si os seus genes.
GUÊ
Gene - Segmentos de ADN com um determinado número de nucleótidos e com uma ordem própria constituem uma unidade de linguagem química designada por gene. O gene é um segmento de um cromossoma a que corresponde um código distinto, uma informação para produzir uma determinada proteína ou controlar uma característica, por exemplo, a cor dos olhos.
Gene Dominante - Gene dominante é um gene que no estado heterozigótico se expressa com predominância sobre a expressão do gene recessivo. Um indivíduo heterozigoto carrega consigo dois alelos diferentes do mesmo gene.
Gene recessivo - Gene cuja característica não aparece expressa no estado heterozigótico. Um gene recessivo só produz a sua característica quando o seu alelo está presente nos dois pares de cromossomas homólogos e só se manifesta na ausência de seu gene contrário, " dominante." Geralmente genes recessivos, estão ligados a cores, mais podem caracterizar também síndromes, doenças, causadas por genes recessivos anormais como é o caso do daltonismo. Quando o índividuo carrega consigo dois pares de genes iguais para determinadas características teremos indivíduos albinos quando o genótipo for aa. Esses genes são chamados recessivos porque ele fica escondido (em recesso) quando o gene dominante está presente. No caso de herança ligada ou restrita aos cromossomos sexuais, o gene recessivo pode-se manifestar, mesmo em dose simples. Uma outra forma de se distinguir o gene dominante do recessivo é representá-lo por uma letra seguida do sinal +. Usando o mesmo exemplo de cor das flores, o gene dominante seria designado por a+, e o gene recessivo por a. Essas regras de representação de genes não são obrigatórias, mas são geralmente usadas. Apesar disso, é sempre conveniente que se faça uma legenda, indicando os símbolos que estão sendo empregues para se representar os pares de alelos. As hemofilias A e B agem como caracteres recessivos ligados ao sexo.
Genética - Genética, do grego genno (fazer nascer), é a ciência dos genes, da hereditariedade e da variação dos organismos; Ramo da biologia que estuda a forma como se transmitem as características biológicas de geração para geração.
Genoma - Toda a informação hereditária que se encontra codificada no ADN de um organismo. Inclui tanto os genes como o ADN-lixo (intrões).
Genótipo - Conjunto dos genes de um indivíduo. Condiciona o fenótipo.
Glossário - vocabulário em que se explicam palavras pouco conhecidas ou de sentido obscuro
Gravidez Ectópica - A gravidez ectópica ocorre quando o ovo fertilizado se implanta fora da cavidade uterina. Conforme a gravidez se desenvolve causa dores e sangramento. Se não for tratada rapidamente pode romper a trompa e causar sangramento abdominal que pode levar ao colapso cardiovascular e morte da mãe.


AGÁ
Hereditariedade - Conjunto de eventos biológicos responsáveis pela transmissão de uma herança a seus descendentes através de seus genes. A informação genética é transmitida através dos genes, porções de informação contida no DNA dos indivíduos sob a forma de sequências de nucleótidos. Existem dois tipos de hereditariedade: especifica e individual. A hereditariedade especifica é responsavel pela transmissão de agentes geneticos que determinam a herança de caracteristicas comuns a uma determinada especie. A hereditariedade individual designa o conjunto de agentes geneticos que actuam sobre os traços e caracteristicas proprios do individuo que o tornão um ser diferente de todos os outros.

Híbrido - Indivíduo resultante da união de duas espécies diferentes mas semelhantes, regra geral estéril, devido a incompatibilidades genéticas. A mula é um bom exemplo de um organismo híbrido, resultante da união de um cavalo com um burro.


I

JOTA

KAPA

EL
Lei da Segregação Factorial - Segundo Mendel, aquando da formação dos gâmetas, havia a segregação dos factores que determinavam uma característica específica, ou seja, cada factor ia para um gâmeta.

Lei da Segregação Independente - Dois factores determinantes de duas características diferentes são segregados independentemente um do outro, formando-se, assim, 4 fenótipos e 9 genótipos diferentes.
Linha Pura - Constituída por indivíduos puros.

EME
Mendel, Gregor - Gregor Johann Mendel nasceu em 1822, na Silésia. Segundo consta, era pobre, e aos 21 anos de idade entrou para um convento da Ordem de Santo Agostinho, sendo mais tarde enviado para Viena a fim de estudar história natural. Indicado depois para professor-substituto dessa matéria, jamais conseguiu, entretanto, a aprovação nos exames para se tornar efectivo no cargo. O seu trabalho genial colocou-o ao nível dos maiores cientistas da humanidade. A sua obra Experiências com hibridização de plantas, que não abrange mais de 30 páginas impressas, é um modelo de método científico. O que descobriu, e vem sendo ensinado desde 1900, tornou-se absolutamente imprescindível para a compreensão da Biologia moderna.

Monohibridismo - Estuda-se a transmissão de apenas uma característica específica

ENE

O



QUÊ

R(r)Ê





U



XIS
Xadrez Mendeliano - Tabela de dupla entrada onde se colocam os gâmetas possíveis de ambos os progenitores e o genótipo provável para a descendência.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Exterminação cuidada e limpinha

Às vezes ponho-me a pensar (por incrível que pareça também uso disso, mas só aos sábados, às 15.29, mais do que isso já incomoda), e das últimas coisas que me ficaram a remoer na cabeça foram as palavras do meu professor de biologia sobre o tempo de produção de um espermatozóide, bem como os efeitos que causa uma eventual morte dos espermatozóides existentes no momento.

Não é preciso ser um crânio nem sequer pensar muito para chegar a esta conclusão: Se os espermatozóides morrem, o homem fica estéril.

Pois bem, até isto foi dito na aula. Se um acidente, ou sessões de quimioterapia ou algo do género, levar(em) à morte involuntária dos espermatozóides armazenados, o ex-possuidor destes ficará sem poder engravidar (alguém, obviamente) durante 3 meses, tempo necessário à formação de novos espermatozóides.

O que me pergunto agora é: Será possível fazer com que eles morram voluntariamente?
É claro que se teriam que ter em conta os prós e os contras, de modo a que nada afectasse o ulterior desenvolvimento dos mini combatentes da Grande Guerra.

É claro que se teriam que mudar mentalidades, e talvez fosse esta a parte mais difícil, pois ainda agora uma vasectomia é algo bastante mais simples de se fazer que uma laqueação de trompas, uma pequenina cirurgia, em 15 minutos está pronto para ter alta, nem baixa precisa de meter, mas o verdadeiro "macho man" nunca faria uma vasectomia, ficar agora sem o seu exército, era mesmo o que faltava!

Reparem, neste caso é só 3 meses, podiam criar uma espécie de pílula masculina que necessitassem de tomar apenas de 3 em 3 meses, não deixariam de ser homens por causa disso, nem mesmo impotentes, assim o creio!

É claro que se tinha que ter em atenção um factor muito importante: os espermatogónios não poderiam de forma alguma ser mortos, não fosse ficarem estéreis de vez! Certamente haverá algo que distinga estas células das mais desenvolvidas, velocidade de crescimento, modo de divisão celular, algo que se pudesse encontrar laboratoriamente e a partir dessa pequena discriminação extreminar os necessários.

Não me tomem agora por nazi, lembrem-se que toda esta selecção é apenas para garantir que a fecundação seja dada com o indivíduo certo no momento exacto. É para o bem da comunidade.

"I have a dream" disse Luther King. O meu sonho é que me levem a sério quando falo e digo o que penso.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Rato salva Humanidade (mais uma vez, coitado)





Cientistas japoneses descobriram recentemente uma proteína do esperma de rato (também presente no esperma humano), que é necessária para a fertilização.

Segundo uma publicação datada de Março pelos encarregados pela investigação, esta pode conduzir a novos tratamentos de fertilidade.

Os cientistas, liderados por Masaru Okabe, director do Centro de Pesquisa de Informação Genética da Universidade de Osaka, no Japão, desenvolveram um rato geneticamente modificado, com a falta de uma imunoglobulina que se encontra normalmente no esperma e concluíram que, apesar de este ser saudável e continuar a produzir esperma, não conseguia fazer engravidar as parceiras.

A descoberta promete benefícios nos tratamentos clínicos de fertilidade e no desenvolvimento de novos métodos contraceptivos.



BBC NEWS




As minhas dúvidas são as seguintes:



1. Como conseguirão eles agora manipular a dita proteína em nosso benefício? (Creio que não terão grandes problemas, mas gostaria de saber como o fazem, a sério que gostaria)

2. Serão métodos reversíveis? Pílulas que inibiam a produção da proteína? Não sei bem como a proteína funciona, mas creio que teriam que trabalhar a nível genético para inibir a sua produção. Talvez um método mais eficaz fosse mesmo descobrir um agente que alterasse a forma da proteína (Alguém se lembra das bacérias do ácido láctico? Hum..)

3. Falaram também em tratamentos da fertilidade.. Será que uma percentagem dos homens inférteis terá a causa do seu problema prestes a ser desvendada? Mais uma vez, como irão regular o funcionamento de uma proteína?



Bem, neste momento creio ter já escrito mais a questionar do que está escrito na própria notícia, portanto vou deixar agora ao vosso critério comentar ou não a notícia. Quem tiver espírito de cientista pode também aventurar-se pelo mundo da hipótese (e da filosofia, quem sabe..).



Cumprimentos

sábado, 22 de setembro de 2007

Os telemóveis matam os espermatozóides?

Há anos que se tem vindo a descobrir os vários malefícios do uso do telemóvel.

Primeiro vieram os rumores sobre cancros cerebrais. Depois, a ligação evidente entre estes e o aumento do stress e uma condução mais perigosa,

Agora, um estudo recente mostra que estes pequenos aparelhos estão a provocar sérios danos na fertilidade masculina. Cientistas do Centro de Pesquisa Reprodutiva (Reproductive Research Center) estudaram uma amostra de 361 homens e descobriram que, quanto mais tempo o homem gasta com o telemóvel por dia, menor é a qualidade do seu esperma.

Os resultados são alarmantes! Segundo o estudo, ss homens que costumavam usar o telemóvel mais de 4 horas por dia tinham uma redução da qualidade do esperma de 41% relativamente àqueles que nunca o tinham usado. Mesmo aqueles que usavam o telemóvel apenas 2 horas por dia viam a efectividade reduzida 20%.

Segundo o líder do estudo, Ashok Agarwal, uma das possibilidades é que a radiação eletromagnética emitida pelos telemóveis, quer em funcionamente, quer em repouso, possa afectar a região do cérebro responsável pela ordem de produção de testosterona.

Uma outra hipótese é que essas mesmas radiações, produzidas por telemóveis geralmente guardados nos bolsos ou no cinto, possam afectar directamente o desenvolvimento dos espermatozóides.

Estudos independentes mostram que ondas rádio, de frequência semelhante à das emitidas pelo telemóvel, danificam o DNA dos espermatozóides.

Mas não entrem em pânico: O estudo, em fases para já pouco maduras, não controlou ainda os factores idade, stress, e outros que possam pôr em causa a veracidade do resultado.

"Eu não deixei de usar o meu telemóvel", diz Andrew La Barbera, director científico da Sociedade Americana da Medicina Reproductiva.

Já Agarwal avisa que "o melhor é começar a afastar um pouco o telemóvel do corpo"

Cabe agora a cada um decidir o que fazer.




(Traduzido e adaptado de http://www.popsci.com/popsci/science/87a8c1baf787f010vgnvcm1000004eecbccdrcrd/5.html)

A Grande Guerra

Não é fácil ser-se espermatozóide.

Imaginem como será pertencer a um grupo de 300 ou mais milhões "iguais" a nós, onde só um poderá vencer.

A probabilidade de singrar é bastante menor que ganhar a lotaria, vos garanto. E, tal como esta também há a hipótese de nenhum alcançar o pódio.

Aquando a cópula, os espermatozóides são "chamados aos postos", como que soldados se tratassem, tendo que estar plenamente preparados para esta pequena grande corrida que irão travar. São 3 meses de preparação para este momento. A pressão é enorme.

Entretanto, o seu meio de saída para o exterior executa movimentos extremos, bruscos, que, além de proporcionarem um enorme prazer, vão retirando estrategicamente os espermatozóides contidos na vagina de um possível rival. É um "jogo sujo", de sobrevivência, experimentado não só pelos humanos.

Quando o momento chega, os bravos guerreiros são lançados a uma velocidade de quase 20km/h, juntamente com um fluido seminal que lhes dará alimento durante a viagem, bem como permitirá uma pressão suficiente para arrancar do útero um possível inimigo que terá ficado escondido.

Com as tropas já no interior, há que ultrapassar os obstáculos. Para isso, conta-se com 3 tipos de espermatozóides: os potenciais fecundadores (aproximadamente 1 milhão por ejaculação), os bloqueadores (aproximadamente 100 milhões), que dão a vida para cobrir o avanço dos outros, e os assassinos (aprox. 200 milhões), cuja missão é descobrir e eliminar a concorrência.

Quando o óvulo chega à zona de fecundação, os espermatozóides alojados no útero têm oportunidade de percorrer o restante percurso e tentar alcançar o objectivo.

Se, nesse entretanto, a mulher manteve relações com o mesmo parceiro, os guerreiros "veteranos" morrerão para dar lugar às novas gerações mais resistente.

Caso contrário, dar-se-á o que Robin Baker e Mark Bellis, biólogos britânicos, chamam de "guerra espermática", um feroz combate entre os dois exércitos.

É nesta altura que actuam os espermatozóides assassinos, equipados com grandes quantidades de frutose, procurando ADN estranho e eliminando-o com um veneno celular.

Após os potenciais fecundadores entrarem, os bloqueadores coagulam, formando uma parede rígida que impede possíveis rivais de prosseguirem.

Chega então a parte em que o factor sorte entra em acção: Os que continuam em competição são obrigados a atravessar inúmeros obstáculos, tais como toxinas ou mesmo "labirintos", onde acabam por morrer antes de encontrar saída.

Assim, o espermatozóide que chegou à meta pode sentir-se feliz. Mas não descansado. A corrida ainda não acabou; o objectivo não é só chegar ao óvulo; é necessário fecundá-lo.

As alianças são quebradas, é a altura do cada um por si.

Ainda não se conhece a razão pelo qual fecunda um o óvulo e não outro.

Descobriu-se, no entanto, algo bastante interessante: Se muitos chegam à meta, talvez por ser sinal de uma má selecção, é despoletada a produção de um veneno por parte dos espermatozóides assassinos que matará o óvulo.

Por sua vez, a vagina não tem um papel passivo.
Quando o sémen e indesejado, esta faz os possíveis para o retirar da sua beira. A bem ou a mal.

Na pior das hipóteses, envia lucócitos que tratarão de destruir os pequenos guerreiros de forma violenta.

Já se lhe forem favoráveis, terão estes um chamado "tempo de repouso" de 5 dias.

Uma outra descoberta interessante é o relógio interno masculino.

Não podendo ter a certeza que o sémen é seu, o homem desenvolveu uma táctica que funciona à base do tempo que decorreu desde a sua última cópula.

Se for pequeno, a possibilidade de possuir sémen de outrem é menor, logo, serão enviados menos soldados para o terreno. Afinal, o tempo de estágio é grande, não se deve desperdiçar.

Já se o tempo decorrido é grande, o número de guerreiros é consideravelmente maior.

Como se pode ver, a batalha pela vida começa já antes de nascermos.

Talvez seja por isso que o gosto pela guerra nos esteja no sangue, e não conigamos viver por longos períodos de paz.

São genocídios maiores que alguma vez possamos imaginar que ocorrem diariamente.

Tudo para que o melhor ou o mais sortudo possa dar origem a um de nós.
Assim, quando pensarem que não valem para ninguém, lembrem-se que já milhões morreram para vocês singrarem. É sinal que são mesmo importantes.

Cumprimentos
Para mais informações:
Super Interessante, n.º 107;
Sperm Wars, BAKER, Robin

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Temos que começar por algum lado...

Aula prática nr. 1.

"No âmbito da disciplina de biologia...". Assim começou o primeiro de muitos relatórios que virão ulteriormente, por certo.

Foi uma experiência única, a primeira vez. Aquela em que somos tratados como meninos pequenos, que nunca viram um microscópio à frente.

"Isto é um microscópio!" - Diz o professor. Os nossos olhos abrem-se de espanto "uauuuuu" dizemos, com a boca muito aberta, enquanto olhamos para a raridade que se encontra à nossa frente.
O professor aproveita bem o momento, sabe que será único, uma vez que após várias aulas de manejo com o dito aparelho estaremos já saciados de o apreciar.

Talvez não tenha sido bem, bem assim que aconteceu, mas é o que continuo a dizer, temos que começar por algum lado!

Fomos incumbidos de visualizar a epiderme de um caule de Tradescantia, planta pequena de caule verde e tenro, algo indispensável para perceber por que, quando vista a microscópio, apresenta ostíolos.

Admito que não foi simples conseguir retirar a epiderme do caule, estando habituada à epiderme de cebola, que à primeira oportunidade sai do berço criador. Não foi, no entanto, algo impossível.

Após retirar a dita "película" transparente, coloquei-a em cima da gotinha de água da lâmina (há que deixar o preparado em meio aquoso, para não alterar muito as características), e, quando tudo pronto, vi-me por fim perante a ocular, espreitando para todo esse mundo microscópico.

Grande desilusão foi para mim quando, da primeira vez, nada vi se não filamentos indefinidos, sem qualquer parecença com o que imaginava de células vegetais.

Não desisti. Tinha que dar luta à planta que insistia em não se mostrar para mim. Tentei retirar um pouco mais de parênquima que ainda se encontrava agarrado à epiderme, que sabia eu ser transparente.

E não poderia usar melhor expressão que a famosa "fez-se luz!". Tudo o que anteriormente estava escuro, sem traços concretos, aparecia agora iluminado! Vi a parede celular, as células afiladas, seguidas. Descobri algo que deveria saber desde o 10º: O caule tem ostíolos! É que, sei agora, nos primeiros anos (ou mesmo apenas primeiro) de vida, o caule é tenro e desempenha a mesma função respiratória que as folhas da planta.

Foi uma experiência interessante, nem o relatório conseguiu travar a minha boa disposição e vontade de continuar a realizar experiências.

Todas as terças estarei lá, com vontade de trabalhar!
E posteriormente aqui postarei o sucedido, bem como o meu parecer!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Para que não digam que este blog não tem ares de conexão com a biologia, deixo aqui uma notícia que intriga, não só a mim, como aos biólogos, nomeadamente os portugueses, creio.


"Por favor, não mordam os tubarões
12.09.2007, Ana Fernandes

Portugal é o terceiro país da União Europeia que mais caça tubarões. Há quase 50 espécies do animal nas águas nacionais. Uma associação internacional pediu ontem em Lisboa que se proíba a pesca só para tirar barbatanas

Por alguma razão bizarra, há em Nova Iorque dez vezes mais pessoas que são mordidas por outros seres humanos do que gente que levou dentadas de tubarão em todo o mundo. Com a pior das famas, este peixe é visto como um temível predador, doido por arrancar pernas a banhistas incautos.

Nada mais errado. Não são uns santos, é certo, são animais selvagens que usam o que a natureza lhes deu - poderosas mandíbulas - para se alimentarem. Mas humanos não são, de todo, o seu pitéu favorito. "Têm de ter acordado com os pés de fora, estarem com muita fome ou serem muito chateados", diz João Correia, um biólogo marinho que se dedica a estudar tubarões e raias. (...)

São 47 espécies de tubarões e três de quimeras, um primo dos primeiros e que é "uma mistura entre coelho, rato, peixe e sapato velho", descreve João Correia. Até o mediático tubarão-branco por cá passeia de vez em quando. Alguns estão criticamente em perigo - como é o caso do tubarão-anjo. (...) Também a tremelga, o carocho ou a tintureira começam a ficar ameaçados. Os douradinhos.

Mas para que é que Portugal pesca tubarões, pergunta-se. Antes de mais porque vem nas redes ou artes de pesca usadas para capturar outras espécies comerciais. É o chamado bycatch que está a ser cada vez mais aproveitado dado o declínio dos recursos tradicionais. No caso da tintureira, por exemplo, já se encontram postas nos supermercados. A sua carne é sobretudo para peixe processado, o caso dos douradinhos, por exemplo, que de pescada já têm muito pouco.Mas o grande negócio assenta sobretudo nas suas barbatanas - transaccionadas a preços fabulosos -, que daqui seguem para Espanha e depois para a Ásia para fazer as famosas sopas. Sopa essa que na maior parte das vezes é canja de galinha, usando-se as barbatanas para dar a consistência. "Porque é que ninguém diz àquela gente que a gelatina ou a farinha Maizena servem os mesmos propósitos", sugere Correia."Antes eram um mimo gastronómico para imperadores mas agora popularizou-se. As pessoas já a podem adquirir e o Ocidente aderiu à moda", disse Uta Bellion, da Shark Alliance, uma associação que reúne várias organizações não governamentais, cientistas e até mergulhadores.(...)

De 1986 a 2001, foram desembarcadas em Portugal 82.704 toneladas de tubarões e só em 2005 chegaram aos portos nacionais 15.360 toneladas, a maioria do Atlântico e alguns do Índico. As tintureiras são as grandes massacradas, seguidas pelas mantas, anequim, a lixa e o carocho.Os tubarões-anequim, martelo e raposo, que representam uma grande percentagem dos animais capturados, são considerados vulneráveis.

Os mais de 50 milhões de tubarões mortos todos os anos no planeta servem diversos fins. Além das barbatanas, a carne é crescentemente apreciada, aproveita-se o óleo do seu fígado, as cartilagens vão para a indústria de cosmética e a pele serve para cintos, sapatos e companhia limitada, explicou Uta Bellion.

Mas o grande problema da pesca de tubarão reside sobretudo no apetite pelas barbatanas. Além de serem mais valorizadas economicamente, ocupam menos espaço nos barcos, o que leva os pescadores a apanhar os bichos, cortarem-lhes os membros e largarem-nos na água, muitas vezes ainda vivos.A lei comunitária, diz Sonja Fordham, permite que se faça isto até um limite, mas que é largamente ultrapassado. Portugal é um dos cinco países da União que permite a remoção das barbatanas no mar.É esta a grande batalha da Aliança para os Tubarões. Não pretendem proibir a pesca mas sim acabar com a possibilidade de desembarcar apenas barbatanas, obrigando os pescadores a trazer o animal inteiro para terra, o que diminuiria a sua matança dada o espaço limitado dos porões.Para isso, pretendem que a Comissão Europeia cumpra uma promessa feita em 1999, que é a de estabelecer um plano de gestão para estes peixes, com base em conhecimento científico, para se tomarem as medidas consideradas adequadas para garantir a sobrevivência de um animal que habita os oceanos há 400 milhões de anos.

Mas porque é que o mundo se deve preocupar com um animal aparentemente tão desagradável? Uma pergunta que está viciada de ideias erradas. Indo por partes. Além do respeito por uma espécie que antecede, e muito, a presença dos humanos sobre o planeta, acresce a própria saúde dos oceanos. Como predadores de topo, têm um papel fundamental na estabilidade das cadeias alimentares. Um exemplo simples: as sardinhas são comidas pelas focas que, por sua vez, são comidas por tubarões-brancos. Há uns anos, na Califórnia, alguém se lembrou de matar os tubarões, descontrolando a população de focas, que chacinaram as sardinhas e deixaram os pescadores na falência.

Além disso, são animais muito vulneráveis, apesar de bem adaptados ao meio em que vivem. Isto porque amadurecem tarde - pelo que se morrem jovens não se reproduzem, têm poucos filhos e longos tempos de gestação. Portanto são muito susceptíveis à sobrepesca.

Mas indo ao que interessa, serão assim tão temíveis? É um mito, asseguram os seus defensores, e têm várias estatísticas estranhas para o provar: nos EUA e Canadá, cerca de 40 pessoas são mortas anualmente por porcos, seis vezes mais do que os tubarões matam em todo o mundo. Há 16 vezes mais probabilidade de se ser atingido por um raio do que ser mordido por um tubarão e morrem mais pessoas no mundo devido à queda de cocos do que os que são mordidos por estes peixes. Entre todas as espécies de tubarões, aquele que mais mata é o tubarão-branco seguido pelo tubarão-tigre. Mesmo assim, o seu currículo é de desprezar. De 2000 a 2004 houve entre 57 a 78 acidentes no mundo com tubarões e entre 4 a 11, conforme os anos, é que foram fatais. Só que são acidentes muitíssimo mediáticos."Temos de ser amigos dos tubarões", diz Uta Bellion. E, contra todos os preconceitos, até dá para ser amigo do peito. Que o diga João Correia que, durante o estágio que fez nas Bahamas não perdia a oportunidade de, nas horas vagas, ir nadar com os bichos. Talvez não lhes desse muitos abraços mas o certo é que ele e os seus colegas saíram sempre sem uma beliscadura. "

in Público





É o silêncio dos indigentes que grita nesta notícia.
Sem que nada possam fazer, cabe a nós ouvir o que não dizem e socorrê-los, antes que seja tarde demais.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

An Inconvenient Truth

Cá fica um filme/documentário obrigatório para todos.

Sei que já todos ouviram falar, mas nada custa relembrar.

(Dizem os entendidos da publicidade que é através do recalcar, recalcar, recalcar que se chega ao comprador.)




Dá que pensar não dá?

Despoluir não é assim tão difícil, o que custa é começar..

Descoberta nova aranha em Portugal

Durante algum tempo reflecti sobre se deveria classificar esta descoberta com um feliz ou um infelizmente.

Acabei por me decidir pelo felizmente, porque não é o facto de ser uma incógnita para nós que faz da aranha inexistente. Ela continua lá.

A aranha que falo chama-se malthonica oceanica.

Trata-se de uma pequena aranha, muito simples, que se encontra agora em estudo pela UAB (Universitat Autònoma de Barcelona).

Pelo que já se sabe, é uma espécie rara (aqui se emprega o felizmente) que domina nomeadamente na "zona mais ocidental da Península Ibérica", parente de outra espécie tipicamente portuguesa, a malthonica lusitania, já mais complexa e abundante.

Mais notícias são esperadas deste pequeno animal da família dos aracnídeos.

O preâmbulo da minha existência como blogger

Pois é. Após 11 anos de mais do mesmo surge-me a oportunidade de criar um blog.

Propôs-mo o meu professor de biologia. Incumbiu-me de o fazer, tal como a outros 22 alunos que pertencem à minha turma. E acho que não se ficou por aí, outros tantos seus pupilos terão que, mais cedo ou mais tarde, se ver em frente a um computador com o fim de pesquisar actualidades biológicas, ou biologias actuais e daí retirar as suas conclusões e "reflexões", exprimindo-as no "papel" (digital) para quem quiser ver.

Vou tentar fazer o meu melhor.

Apreciem a estadia!