sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Afinal somos mesmo todos iguais





Aparentemente um português é diferente de um esquimó, de um chinês ou de um africano.

Aliás, alguns traços bastam para que consigamos aferir se certo indivíduo pertence a determinada região geográfica.

No entanto, serão esses traços suficientes para que lhes possamos chamar raças?

Era o que se pensava até que Darwin e a sua teoria evolucionista vieram deitar tudo por terra.

É que, segundo a definição de raça (sub-espécie derivada de uma evolução divergente por isolamento durante longos períodos de tempo de alguns indivíduos da espécie), os 6000 milhões de habitantes que habitam a terra (6000 milhões e um, aposto que enquanto escrevi este post algum bebé terá nascido) provenientes dos 10 000 Homo sapiens oriundos de África dispersaram-se muito recentemente em termos biológicos (60 mil anos). Há demasiado pouco tempo para que surja a diferenciação genética a que chamamos raça.
Interessados em conhecer as possíveis relações entre indivíduos diferentes, os cientistas procuram outros elementos, como uma frequência estatística relativamente à presença deeterminados genes em cada população. Nesse sentido, estudos demonstram que os seres humanos têm menos diversidade genética que a maioria das outras espécies. Por exemplo, enquanto o ADN de uma pessoa difere apenas do de outra em um em cada mil pares de bases, já nos chimpanzés a proporção é de 1:500.
Por outro lado, as minorias étnicas também podem ser analisadas através de um perfil de determinada frequência genética, a qual varia devido à "deriva genética", que, a par da selecção natural, altera as características de uma espécie ao longo do tempo.
Todos estes estudos, para além de servirem para nos provar que toda a discriminação que tem havido não passa de uma fraude (não que já não soubesse, mas agora está cientificamente provado), ajuda também a desenvolver tratamentos adaptados às diferentes etnias, uma vez ter-se vindo a provar que estas têm mais ou menos aptidão para certas doenças. Por exemplo, está provado que a anemia falciforme afecta nomeadamente pessoas de origem afro-americana e hispânica; a talassenmia, mais frequente para os lados da África oriental/Médio Oriente; a intolerância à lactose é sobretudo sentida pelos indivíduos da Europa do Norte.

Assim, se se traçasse o perfil hereditário de um certo indivíduo, poder-se-ia certamente saber qual a probabilidade de eficácia de um certo tratamento e qual a medicação ou tratamento a aplicar.

Não obstante, e como tudo neste mundo de complicações, há duas faces para a mesma moeda. Pessoas que afirmam que passariam a ser alvo de discriminação, medicamentos que são olhados com suspeita por serem específicos para uma determinada etnia são já casos reais que surgem como um entrave a este possível avanço científico.


É na conjugação da ética com a ciência que se forma a Humanidade. Pena que não se lembrem da ética quando se fala de dinheiro..
EDIT: A propósito, esta postagem é fruto da leitura da Super Interessante de Agosto de 2006. (Grande memória..!)

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