sábado, 27 de outubro de 2007

Em busca do relógio interior




Os ritmos biológicos fazem parte da adaptação dos seres vivos ao meio e são fundamentais paraa sobrevivência das espécies. Permitem ao indivíduo sincronizar-se com a sucessão do dia e da noite e controlar a alimentação, a protecção ou a caça, aproveitar ao máxio a luz solar ou regular a temperaura do corpo.
Cada um tem um temporizador diferente, o que explica por que motivo há pessoas diurnas e outras noctívagas, ou por que razão a sesta exerce um efeito reparador em alguns e, noutros, altera o sono.
Hoje sabemos que ada célula do nosso organismo tem um relógio incorporado. Nos mamíferos, o principal mecanismo regularizador é uma diminuta região no hipotálamo, que recebe informações do exterior e emite sinais que sinconizam os pequenos relógios do resto do organismo.

Sabemos também, por exemplo, que alguns pacientes deveriam tomar medicamentos contra hipotenão de noite, o que os protegeria de serem vítimas de um eventual enfarte ou derrame cerebral de manhã. A heparina (anticoagulante) exerce um efeito durante a noite, e os ataques de asma são mais frequentes e graves de madrugada. Isto explica por que motivo a cronoterapia favorece uma melhor resposta do organismo aos fármacos, pois toma em consideração as caracteristicas do medicamento e do paciente e a altura do dia em que a administração se revela mais eficaz.
O objectivo é precisamente sincronizar os tratamentos com os ritmos cicardianos de produção de hormonas, pressão sanguínea e temperatura do corpo, entre outras variáveis, para os tornar mais eficazes.

Muitos cientistas contemplam a possibilidade de aplicar fármacos anticancerígenos de acordo com as pautas da cronoterapia.
Um dos principais problemas da quimioterapia é que não faz distinção entre tumores malignos e células normais. Mata todas as que estejam em divisão; daí surgem os efeitos secundários. No entanto, a divisão anormal das células que conduz ao cancro segue um ritmo concreto e não se produz com o mesmo vigor em todas as horas. O segredo reside em conseguir determinar o momento em que as células saudáveis estão menos sensíveis e em administrar o anticancerígeno quando a multiplicação celular é mais lenta. Associando essa condição a um crescimento mais rápido das células canceríenas, encontra-se o momento em que se podem provocar mais danos na massa tumoral sem afectar o tecido tumoral.
Parece tão simples, que talvez se estejam a questionar: "Mas por que não é então utilizado este método em grae escala?" O principal problema é conseguir compreender a forma como os neurónios comunicam entre si e o resto do organismo. Só nesse momento é que será possível entender o nosso relógio interior. Até lá, é tudo muito empírico.



Retirado e sintetizado de:

Super Interessante, edição de Agosto de 2007

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