terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Conflito Caucasiano!

A Geórgia é uma Republica com cerca de 4 milhões de habitantes, umas das várias que se formaram com o fim da União Soviética e o seu consequente desmembramento.

Desde o seu início, aquando da sua independência, que existem territórios com intenções separatistas abarcados pelas fronteiras da Geórgia, a tão badalada Ossétia do Sul e a Abecasia. Territórios esses onde habitam milhares de cidadãos com nacionalidade russa, e escusado será dizer que o governo russo desde sempre apoiou as intenções separatistas desses territórios, pois também os russos acusam a Geórgia de apoiar os separatistas chechenos.


O governo georgiano, com o intuito de evitar mais conflitos separatistas com esses territórios, envia os seus exércitos, que começam, deliberada e arbitrariamente, a eliminar tudo aquilo que lhes fazia oposição, sendo mesmo acusados por organizações internacionais de não respeitarem os direitos humanos, uma vez que disparavam sobre alvos civis, escolas e hospitais ossetas.

Com isto, milhares de civis russos que lá se encontravam foram atingidos directamente pela ofensiva georgiana que fez mesmo algumas vítimas entre os muitos militares russos lá estacionados ou então que se encontravam nas redondezas. Esses soldados estavam estacionados na zona ao abrigo de um acordo alcançado no início dos anos noventa. Acordo esse que foi na altura mediado pelos russos, com o intuito de acabar com os confrontos entre georgianos e ossetas aquando do desmembramento da União Soviética, acabando por ditar a integração da Ossétia do Sul na recém formada república da Geórgia com a presença de forças de manutenção de paz russas na região até aos nossos dias.

É importante termos conhecimento de que o actual presidente georgiano foi criado e formado nos Estados Unidos da América, sendo um líder pro-ocidental. O que fez com que os EUA utilizassem a pequena Geórgia como ponta-de-lança para ferir o orgulho russo.

Obviamente, o governo russo contra atacou e invadiu esses territórios separatistas georgianos ao abrigo do argumento de que estavam a proteger cidadãos russos, e ao mesmo tempo aproveitaram para proteger interesses económico-políticos russos na região, bombardeando o único oleoduto que vai dos campos de exploração do Azerbaijão para a Europa sem passar por território russo. Este atravessa a Geórgia e vai terminar no porto turco de Ceyhan, libertando assim a Europa do jugo russo no que a petróleo diz respeito, o que evidentemente não está nos planos russos. Os georgianos dizem que o oleoduto não foi afectado. Agora sim faz sentido ver os EUA nesta embrulhada - o petróleo - e não simplesmente o facto de querer ter uma base militar no quintal dos russos.

Após a ofensiva russa, a União Europeia tomou diligências em conjunto com os EUA para se chegar a um cessar-fogo e um consequente acordo de paz entre a Rússia Geórgia e territórios separatistas pro-russos como a Abecasia e a Ossétia do Sul. É claro que agora já era tarde e os russos não se iam simplesmente embora, sem mais nem menos, sem demonstrar o seu poder, após serem deliberadamente atacados por forças georgianas com o total apoio dos EUA.


E para isso a Rússia está neste momento no seu parlamento a declarar o seu reconhecimento das regiões da Abecasia e Ossétia do Sul como nações independentes. Uma espécie de vingança contra o facto do Montenegro se ter tornado há pouco tempo independente da Sérvia através dum presidente pro-ocidental, afastando mais um território da esfera do poder russa.

Em suma, neste momento o governo russo está a esfregar as mãos de contente por tudo o que se está passar, pois deram-lhe pretexto para isso, uma espécie carta branca dada infantilmente pelo presidente georgiano Mikheil Saakashvili com o ilusório apoio dos EUA. O ocidente vai indubitavelmente declarar que este reconhecimento de independência russo para com estas duas repúblicas é uma violação do direito internacional, pois não querem perder territórios para o controlo russo, mas depois do que se passou em Montenegro não têm moral para o fazer, embora na política internacional a moral não tenha grande peso.

Não posso deixar de estar do lado dos russos neste caso, lamentando todos os afectados pelo conflito, mas não posso deixar de estar aliviado com o facto de haver alguém a fazer frente aos interesses imperialistas e subjugadores dos EUA. Pode ser que agora deixem de querer dominar tudo e todos debaixo da sua alçada, e não se metam onde não são chamados, pois o mundo não é dos EUA, embora o queiram fazer parecer. E graças aos EUA a às suas políticas internacionais quem sofre agora são os inocentes civis, georgianos e ossetas, que sentem na pele o conflito armado.

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