terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O t[r]emor para uma vida



Se há actor pelo qual fruo grande admiração é Michael J. Fox.

Porquê? Porque, para além das suas antigas capacidades de representação e atributos do foro estético sobre os quais não me pronunciarei, Michael J. Fox aproveitou a sua grande desgraça para tentar ajudar outros que se encontram ou poderão vir a encontrar na mesma situação.

Aos 30 anos, este actor descobriu que tinha Parkinson, uma doença neurológica degenerativa, que afecta cerca de 1 em cada 100 pessoas acima dos 60 anos, podendo surgir casos precoces, como o aqui presente.

Após esta descoberta, resolve criar uma fundação, "The Michael J. Fox Foundation" que tem como objectivo descobrir alguma forma de utilizar células estaminais para combater a doença.

Infelizmente, devido ao regime republicano de Bush, não têm o apoio do governo americano, que se opõe a toda e qualquer investigação sobre células estaminais, pelo que sobrevivem dos fundos de pessoas de todo o mundo que contribuem para a causa.

Resolvi visitar o site da fundação e fiquei supresa com a dimensão e precisão do mesmo.


Resumindo numa frase, tem tudo o que um leigo na matéria necessita para adquirir um conhecimento bastante satisfatório sobre a doença.

De entre os vários tópicos que li, deixo aqui a síntese de alguns aspectos mais importantes:






O que é o Parkinson?
É uma anomalia do sistema nervoso central que resulta na perda de várias células do cérebro, incluindo uma região que produz dopamina, um mensageiro químico responsável por transmitiir mensagens de movimento. Os doentes perdem, portanto, o controlo sobre os movimentos.

Quais são os sintomas manifestados?
-Tremores em respouso
- Lentidão dos movimentos
- Desiquilíbrio
- Rigidez
- Reduzida expressão facial

O que causa o Parkinson?
Ainda não são bem conhecidas as causas do Parkinson, se bem que se pense que seja uma combinação de genética e factores ambientais.


O que se pode fazer para reduzir o risco de Parkinson?
Como ainda não está aprofundado o conhecimento sobre a doença, não há nenhum estudo científico que apresente formas de prevenção do cancro. No entanto (não leiam isto), a experiência tem vindo a mostrar que o consumo de tabaco e cafeína reduz o risco de a "contrair".



Que terapias estão a ser desenvolvidas no sentido de curar a doença?

Terapia de substituição de células - É o nome dado à substituição de neurónios que degeneram quando se tem a doença. Tem-se apostado grandemente nas células estaminais para o fim, uma vez que esta tem o potencial de se diferenciar em qualquer tipo de célula.
Experiências clínicas de neuroprotecção exploratória - Baseado nos efeitos da CoQ10, uma substância muito usada como um suplemento dietético que poderá ter efeitos neuroprotectores, e do GPI-1485, uma droga investigacional que poderá ter efeitos regenerativos.
Costumo dizer que, se algo de mal tiver que acontecer a alguém, que aconteça a alguém rico e poderoso. E não, não é por inveja ou por desejar mal a tais pessoas. É porque é a melhor forma de garantir que algo é feito no sentido de encontrar o que resova o problema.



Para mais informações:

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Sem comentários, por medida cautelar


"-Para esta experiência vamos ter que colocar 6 maternidades no aquário.

-Temos que ter cuidado, se o Correia de Campos sabe, vem cá e fecha-as todas"



Os autores são anónimos. Adaptando uma frase de Ricardo Araújo Pereira, seria muito estúpido se, no meio de tanta confusão e ilegalidades, os autores destas frases fossem os únicos a ser presos. Mas não seria impossível. No mínimo, despedidos.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Os nossos novos amigos



Soubemos na Terça-Feira passada que vamos criar uma relação de amizade com uns peixinhos muito fofos chamados Xiphophorus maculatus. Quer queiramos, quer não.

Estes peixinhos de água doce têm umas características especiais que nos permitem fazer deles nossos cobaias sem grandes problemas, quer a nível técnico, quer com a Quercus. A fêmea é maior que o macho, tem 6cm, mais 3cm que o seu parceiro, e é mais redondinha; há xiphophprus de várias cores e feitios [Gosto particularmente do tipo "Mickey Mouse". (Deixo à vossa capacidade de imaginação pensar no padrão corporal deste tipo em específico.)], alimenta-se do que estiver à mão, aguenta relativamente bem mudanças de temperatura, limpa o aquário de furtuitas algas que possam por lá aparecer, enfim, um encanto de peixe! Convém também dizer que não está em vias de extinção!

Ora, o nosso objectivo é tornarmo-nos cientistas a sério uma vez por semana até ao final do ano e ver até que ponto conseguimos manter o laboratório mais ou menos em pé para a próxima geração. Pronto, pronto, estou a exagerar, este objectivo só se aplica aos aquários.. Mas atenção, não substimem o nosso trabalho, só o ter que evitar que os peixes se comam uns aos outros é o cabo das tormentas! (Eu disse que eles comiam o que estivesse à mão, não estava a mentir).

Devo estender-me mais sobre o assunto futuramente. Não agora, que ainda estamos um pouco "às escuras", permitam-me a expressão. Numa próxima.



Cumprimentos,

alcunha

sábado, 12 de janeiro de 2008

Paramiloidose - A doença que leva o bravo povo lusitano a aparecer num livro de medicina americano



Por muito má que saiba ser esta doença, nao consigo deixar de sentir um nozinho cá dentro quando vejo no "Harrison's Principles of Internal Medicine" (digamos que é, basicamente, um livrinho de bolso com cerca de 2500 páginas) as palavras "portuguese" ou "Portugal".

Pois é. Parece que não são só os alemães, franceses, ingleses ou americanos a participar num tratado de medicina. Nós também gostamos de ter o nosso voto na matéria. Nem que seja com uma doença que, apesar de ser tipicamente portuguesa [mais propriamente do Norte (o que acaba por ser um pleonasmo, mas não entremos por aí)], não é nada agradável.

Estou, claro, a referir-me à Paramiloidose Familiar (PAF) ou Polineuropatia amiloidótica. E antes que me digam que de familiar não tem nada, dêem-me a liberdade de referir um outro nome pelo qual é conhecida. Doença dos pezinhos. Soa-vos... Familiar?


Claro que soa. Pudera! Calcula-se que cerca de 6mil portugueses tenham esta doença de momento, ou pelo menos desde a última contagem. A paramiloidose familiar dá o prazo médio de vida de 1 a 4 anos após o momento em que é descoberta, se bem que por vezes possa chegar aos 10, portanto, qualquer estudo que possa ser feito não dá garantias de fiabilidade por muito tempo.

A amiloidose pode ser definida como a deposição extracelular da proteína fibrosa amilóide em um ou mais sítios do corpo. Pode ser depositada localmente, não tendo consequências clínicas, ou pode envolver vários sistemas de órgãos, levando a mudanças patológicas graves. Numa maioria das vezes, a doença não é identificada até se encontrar numa fase muito avançada, o que justifica a curta duração de vida dos enfermos após a sua detecção. As principais causas de morte são a insuficiência renal e doenças cardíacas.

A doença dos pezinhos não tem ainda cura, apesar de ser estudada já há alguns anos, (e ter havido progressos). Para já, a única esperança dos doentes é conseguirem um transplante hepático que atrasará a progressão da doença, diminuindo substancialmente, desta forma, os seus sintomas.

É curioso saber que a PAF foi pensada primeiramente como sendo uma lepra nervosa. Era facilmente detectada nos pescadores da Póvoa, os quais não tinham a sensação de dor quando se cortavam nas redes ou se queimavam com os cigarros. Corino de Andrade (1906-2005), grande neurologista português, reparou, nestes sintomas, traços característicos de uma amiloidose, se bem que com alguns "ajustes à portuguesa". Segundo o próprio, era reconhecida por "paresias das extremidades, particularmente das inferiores, diminuição precoce da sensibilidade à temperatura e à dor, começando e predominando nas extremidades inferiores, perturbações gastrointestinais e perturbações sexuais e dos esfíncteres."

Talvez a pior notícia desta doença seja o modo único como pode ser travada: Aqueles que a possuem não terem descendência. Porquê? Porque é uma doença hereditária, autossómica (mais concretamente, situado o gene responsável no "braço longo" do cromossoma 18) dominante, para melhorar ainda mais a situação. Pensa-se que a taxa de transmissão seja de 50%, o que significa que é tão provável ter um filho doente como saudável. Não há indivíduos portadores, como é fácil de concluir.

A paramiloidoise não é fácil. Dá luta até ao fim. Começa com uns adormecimentos dos membros que até dão jeito de vez em quando, umas perdas de peso e umas diarreias. Nunca é vista com a seriedade que lhe é devida na altura e, como tal, zanga-se, enfurece-se, ataca os nossos órgãos mais sensíveis. Quando lhe damos o devido valor, já é tarde.

Creio que o próximo passo a dar será impedir que ela se prolifere mais. Fazer testes à população, explicar-lhes o que irão sofrer, fazê-las reflectir. Motivá-las a pensarem duas vezes antes de escolherem ter descendência por métodos naturais. Dar-lhes incentivos, não só monetários, mas também de carácter psico-social. Dar-lhes alternativas a uma gravidez natural.

Esta doença poderia ter já sido travada há muito, mas, pelo contrário, sabem-se de 90 novos casos por ano em Portugal. Estamos sempre a tempo de tentar.
Fontes:
V.A., "Harrison's Principles os Internal Medicine"

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Sangue em prateleiras - Breve explicação



Que há vários tipos de sangue, até a minha irmã sabe. E tem oito anos.
Que há tipos de sangue que são incompatíveis com outros, também. (Esperta, a rapariga...).

O que não sabe é por que é que são incompatíveis e o que os diferencia. E creio que não é só ela, pelo que resolvi dar uma breve explicação sobre o assunto antes de abordar temas que requerem umas certas bases.

Primeiro há que saber quantos tipos de sangue há e quais são. Considera-se que há quatro tipos de sangue (A, B, AB, 0). Ou então oito, uma vez que cada um deles pode ter duas variantes. São os + ou os - que vemos a seguir às letras, tal como A+ ou B positivo (não, avó, não é seropositivo, tenha calma) e que corresponde a uma proteína conhecida por factor Rh, que pode existir ou não no sangue (se +, o factor Rh existe, se -, não existe). Mas vamos com calma. Comecemos pelo princípio.

A segregação do sangue em quatro grupos baseia-se nos tipos de aglutinogénios e aglutininas (anti-corpos) presentes nas hemácias, uma vez que têm que ser compatíveis. Se num sangue de tipo A existissem alglutininas anti-A, seria desencadeada uma reacção de aglutinação das hemácias. Estas tornar-se-iam mais frágeis e, consequentemente, altamente susceptíveis à ruptura. Além disso, como se encontram aglutinadas, entopem facilmente poros e capilares do corpo, entre estes os poros renais, algo que pode conduzir à morte.


Assim:

- O tipo A possui aglutinogénios tipo A e aglutininas anti-B

- O tipo B possui aglutinogénios tipo B e aglutininas anti-A

- O tipo AB possui aglutinogénios tipos A e B e não possuiu aglutininas

- O tipo 0 não possui aglutinogénios mas possui aglutininas anti-A e anti-B


Desta forma, é fácil perceber por que razão um indivíduo com sangue do tipo A não pode receber sangue do tipo B e vice-versa, bem como não pode nenhum destes receber sangue do tipo AB.

Já o tipo 0 pode ser dado a qualquer um (dador universal) mas pode receber apenas do seu tipo.

O tipo AB pode receber de qualquer um (receptor universal), mas não dar.

Voltando-nos agora para o factor Rh acima referido, o facto de este existir apenas nalguns tipos de sangue vem dificultar todo um processo que tem já fama de não ser muito simples por si só, uma vez que se torna uma substância estranha para os que não o possuem. Estes irão produzir anti-corpos com o fim de destruir o desconhecido. E assim fracassa mais uma transfusão.


Fontes:

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A enzima da chico-espertice




Para descontrair um pouco, deixo aqui o link de um blog com uma postagem bastante interessante sobre.. A enzima da chico-espertice! E eu a pensar que era feitio, mas afinal é mesmo defeito! E pelo que se tem vindo a ver, é dominante o alelo que lhe dá origem!


http://saberaverdade.blogspot.com/2006/03/enzima-da-chico-espertice-e-o-sistema.html


Cumprimentos
alcunha

Quem sai aos seus...




Não é preciso ser um grande cientista nem tirar um curso de ciências para saber que há certas doenças que são hereditárias. É do senso comum que "Quem sai aos seus não degenera" e, como tal, as probabilidades de ser portador de uma doença hereditária, seja ela Alzheimer, Diabetes, ou mesmo miopia, quando os progenitores a possuem é muito grande.


No entanto, e como em qualquer probabilidade, podemos sempre "sair ilesos". O problema é que, numa maioria das vezes, não se sabe se a sorte está do nosso lado até que os sintomas sejam visíveis, podendo estes se manifestar apenas após vários anos de existência. E quando se descobre pode já ser tarde demais.


A boa notícia é que há já quem se tenha lembrado desta dúvida horrível que reina na mente dos que de facto são um caso eminente e, como tal, não perderam tempo em investigar formas variadas de se ter a certeza. E alguns foram bem sucedidos! Com uma simples amostra de saliva recolhida por um material à venda nas farmácias, pode-se, em alguns países, pedir que um laboratório nos dê a resposta a dilema da probabilidade e, caso se confirme a incidência da doença, serão desde muito cedo receitados medicamentos que têm como fim retardar ou mesmo parar com o avanço da doença. Entre estes medicamentos estão as vitaminas C e E.


Encontrei um vídeo que explica mais ou menos o que foi anteriormente dito. Está em inglês, mas penso que não será difícil de perceber. [Brevemente disponível]


Cumprimentos


alcunha