terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"Mãe, fui fazer o teste da Sida.. e tive positiva!"

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Elisa dos indigentes




Numa das últimas aulas de biologia surgiu-nos, como uma das aplicações da engenharia genética, a produção de testes de rastreio do vírus da SIDA, o que me despertou uma certa curiosidade.

Creio que chega mesmo a ser estúpido, nos dias de hoje, com tanta informação disponível e tanta divulgação deste vírus em específico, não fazer ideia do que seria um teste de rastreio da SIDA. Para ser sincera, nunca me tinha questionado sequer sobre isso.

É óbvio que não julgava que se tinha simplesmente que responder a um questionário sobre o histórico dos parceiros sexuais nem sobre o que andamos a comer na última semana, e tinha ideia de que era a partir de amostras de sangue que se poderia chegar a alguma conclusão, mas todo o processo entre a recolha do sangue do indivíduo até à apresentação dos resultados uns dias depois era para mim uma incógnita com pernas.
Na verdade, não há apenas um teste da SIDA, mas três (mais usuais). O mais utilizado é já bastante eficaz, mas nem de longe nem de perto o melhor. Chama-se teste ELISA (Enzyme-Linked ImmunoSorbent Assay) e baseia-se fundamentalmente em verificar se há no sangue do alegado afectado anti-corpos que são produzidos especificamente para combater o vírus. Caso dê positivo, é ainda necessário proceder a mais um teste para que se possa tirar uma conclusão fiável - o western blot. Este segundo teste pretende também detectar a presença dos mesmos anticorpos, mas desta vez através da filtração das proteínas de um tecido celular a partir de um gel (electroforese em gel) e detecção, por exemplo por mudança de cores aquando da adição de uma enzima para o efeito. A concentração de determinados anticorpos é que levará à resposta ao problema.

Há, por fim, o PCR (polimeralização em cadeia), que segue o leccionado nas aulas de biologia: uma simples molécula de DNA irá polimerizar-se, se para tal possuir meios adequados. Após este processo, analisa-se a possível existência de DNA viral no genoma.

É claro que isto não fica nada barato. Devo confessar que andei a ver preços, não porque esteja interessada em comprar um kit de testes faça-você-mesmo, mas para me informar do quão "nada barato" poderia ser saber se se é portador ou não do vírus da SIDA. No site http://www.ehivtest.com/products/pcr-test podemos ver que um kit completo fica por apenas 599 dólares, o que será, aproximadamente, 450 euros. Contas à merceeiro, feitas por cima do joelho, mas será por aí. É claro que podemos só requisitar o teste ELISA (89$), apesar de sermos prontamente avisados que, caso dê positivo, será necessário proceder ao Western blot. Se optarmos logo pelo PCR ficar-nos-á por 295$ (221 €). Acessível. Daqui a pouco vimos a descobrir que o Gandarela afinal tem andado a pedir durante estes anos todos à frente do Pingo Doce porque quer saber se tem SIDA ou não. "Já tenho 300 euros, mas como quero ter bem a certeza ainda me faltam 150. Pode ser que inventem a vacina para a SIDA primeiro e ainda fique mais barata e assim até poupe um trocos para ir passear!"


Outro facto interessante é que o nível de vírus no sangue, durante as primeiras semanas, é tão pequeno que pode não ser sequer detectado pelos nossos 500 euros, perdão, testes de rastreio, pelo que será aconselhável repeti-los passados 2 meses.


Moral da história: Um preservativo não é assim tão caro.........



Cumprimentos



Fontes:

domingo, 17 de fevereiro de 2008

THE FAMILY THAT WALKS ON ALL FOURS




Foi emitido hoje à noite na RTP2 um documentário bastante interessante sobre a evolução, ou melhor, sobre quem terá ficado para trás na evolução e porquê. Tive pena de não poder ter visto na íntegra.

Tratava de uma família na Turquia que teria sido afectada por algo desconhecido: parte da descendência parecia ainda quadrúpede, apoiando-se, portanto, nos quatro membros, em vez de nos normais dois que tanto nos distinguem dos restantes primatas.

Se, até há pouco tempo, esta família era apenas de conhecimento da população da vila a que pertenciam, agora são alvo e investigação de cientistas de várias zonas do globo que tentam perceber o intrigante facto. Apesar de terem descoberto que seria uma mutação génica a causa mais provável para o sucedido, e consequente atrofia do cerebelo, os investigadores não conseguem chegar ainda a um consenso, uma vez estar provado que a capacidade de se mover erecto é anterior ao desenvolvimento completo do cérebro, nomeadamente da zona afectada.

É um documentário que aconselho a todos, com a garantia de que será, sem dúvida, tempo de qualidade.



Cumprimentos

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Era uma vez um pai.. e duas mães




Cientistas britânicos descobriram uma forma de contornar doenças genéticas mitocondriais.

As mitocôndrias, organelos existentes no citoplasma e responsáveis pelos processos de respiração, são apenas transmitidas da mãe para o filho, uma vez ser a mãe a disponibilizadora do citoplasma do zigoto aquando da fecundação. Tendo um processo de divisão relativamente independente do resto das células, e possuindo DNA próprio, as mitocôndrias eram, e, aliás, continuam a ser, fonte de variados problemas genéticos.

Agora, uma equipa de cientistas da Universidade de Newcastle propôs um método inovador de contornar o problema: Utilizando o citoplasma de um oócito que não o da mulher "doente" como "alojamento" dos núcleos dos gâmetas dos pais, pode-se formar um embrião em tudo igual aos pais biológicos, excepto nas mitocôndrias, que, sendo de uma dadora, seriam normais e 100% funcionais.

O processo foi, obviamente, testado e bem sucedido, pelo que poderá ser aplicado em futuras situações similares.


Para mais informações:

domingo, 3 de fevereiro de 2008

E.bactéria




Andava eu a ler umas coisas sobre a E.coli (similar ao E.Leclerc pelo facto de nunca se ter bem a certeza do que significa o "E") e descobri umas curiosidades interessantes, se bem que com um ligeiro trago de repugnância, para não perder nunca de vista aquele toque místico de proliferadora de doenças e sujidade que qualquer bactéria digna deve ter.

Fazendo uma apresentação muito concisa, a E.coli é um bacilo que tem como feito de referência a rara capacidade de fabricar todos os componentes de que é feita a partir de substâncias básicas e fontes de energia suficientes.

Não que não tenha outros. Por exemplo, sendo ela uma velha residente do nosso intestino, e ao mesmo tempo uma grande apreciadora de lactose, torna-se a principal causadora da nossa flatulência pós-ingestão de lacticínios. Além disso, gosta tanto de nós que, apesar de expelirmos cerca de um trilião das da sua espécie por dia, não nos conseguimos livrar delas.

Já é velho o ditado que diz que "se não as consegues derrotar, junta-te a elas". E é tão verdadeiro como ter o nosso sistema imunitário aberto uma excepção a algumas estirpes de E.coli. É um "desta vez passa" que se aplica àquelas com as quais estamos habituados a conviver, sendo que as E.coli de qualquer parte da Europa são ainda suficientemente parecidas com as nossas para poderem ser incluídas. Por isso é que a probabilidade de termos uma intoxicação alimentar nos Estados Unidos é bastante maior que a que temos de a apanhar em Espanha (bom, talvez não seja só por isso, mas não entremos por aí...).

De qualquer das formas, tem vindo a provar ser uma bactéria muito importante para a investigação científica e, portanto, não deve ser nunca vista com um desdém de quem se acha superior ou, pelo menos, mais limpo, e tenta eliminá-las sob o pretexto de serem um atentado à saúde pública (incluo aqui a ASAE e a minha mãe).


[A propósito, "E" de E.coli é a abreviatura de Escherichia e "E" de E.Leclerc de Édouard]

Cumprimentos

Para mais informações: