Venho da terra assombrada,
Do ventre de minha mãe;
Nao pretendo roubar nada,
Nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
E olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
Tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
Não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
Solta o pano rumo ao norte;
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
António Gedeão
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3 comentários:
espectacular....
adorei este poema...
esta lindo mesmo!!! parabens!!!
Curralo, Curralo.. O que seria este blog sem ti!
Tambem gostei deste poema, acho que é uma maneira inovadora de expor uma ideia...
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